Essa tal Felicidade e os Relacionamentos Amorosos

Essa tal Felicidade e os Relacionamentos Amorosos

Um dos âmbitos da vida que mais esta cheio de expectativa quanto a termos sucesso, é o ambito dos relacionamentos amorosos. Desejamos viver no amor com outra pessoa de forma significativa e muitas vezes queremos que o relacionamento amoroso nos tire da nossa solidão e nos traga felicidade. A solidão, para nós seres humanos, é considerada uma das maiores dores que podemos experimentar e portanto desejamos nos relacionar para espantar a solidão. Contudo, esse anseio quase nunca é completamente satisfeito.
Em relacionamento parceiroxs não podem nos fazer felizes, o relacionamento por si só não traz felicidade. Teremos intimidade, ternura, vínculo, sensação de pertencimento etc, mas, felicidade é uma outra coisa e vale lembrar que não implica em ausência de sofrimento. Felicidade é um estado! 

Por outro lado, não quer dizer que relacionamentos nos façam mal e nos tragam infelicidades. Na verdade, em um relacionamento amoroso, parceirxs não têm o poder de nos fazer infelizes, embora em momentos de brigas, discussões e rupturas nos pareçam que sim.  

Socrates, filosofo da Grécia Antiga, já nos falava que ser feliz é uma tarefa de
responsabilidade individual. Atualmente, muitas são as definições de felicidade como um estado de sentimentos de bem estar e prazer, partindo então desse pressuposto, percebemos que a felicidade não depende de outra pessoa. Como nos diz Dalai Lama no best seller “ A arte da felicidade” essa é determinada mais pelo estado mental da pessoa do que por acontecimentos externos. Nesse sentido, a felicidade que depende de circunstâncias externas, tais como um relacinamento amoroso, apresenta-se instável, pois um dia o relacionamento pode estar bem e no outro dia não, ou de fato, não estarmos em uma relação amorosa. Sendo assim, tanto o segredo da felicidade, quanto o nosso bem estar, estão em nossas mãos. Dessa forma, o primeiro passo em direção a felicidade é aprender identificar nossas emoções e sentimentos e aceitarmos nossa responsabilidade para com eles. Assim, situações de ressentimento, vigança, queixa, orgulho, medo certamente nos causam infelicidade. Para termos um estado de felicidade precisamos assumir nossa responsabilidade em buscar situações que nos causem alegrias, ternura, bem estar, vinculos, prazeres, ou seja, que nos despertem sentimentos positivos e evitem situaçoes que nos façam permanecer em sofrimento e sentimentos negativos. Mas essa é a grande questão, já que ninguém pode nos fazer felizes e ninguém pode nos fazer infelizes e paradoxalmente, vemos a busca por relacionamento tão forte e ao mesmo tempo tantos casais infelizes?
Por que queremos nos relacionar?  

Nós estamos sempre em busca do encontro amoroso feliz com outra pessoa e isso acontece devido a sermos seres sociais e por isso queremos nos relacionar, faz parte da nossa natureza nos sentirmos pertencentes a um grupo, comunidade. Desde os primórdios os Seres Humanos se agruparam em tribos, comunidades e assim continuamos até hoje. Ter um relacionamento nos traz esse sentimento de pertença a um grupo, de fazer parte de uma comunidade e partilhar os bons e também dos momentos de dor com outras pessoas. Socialmente também existe uma cobrança para que tenhamos um relacionamento, afinal quem nunca foi cobrado para ter alguém? 

Desde criança que socialmente somos ensinados a ter uma famila e não vamos negar que ter parceirx para termos intimidade, vínculo, sexualidade, fazer planos, dividir bons momentos e nos sentirmos amadxs é sim muito bom, mas a responsabilidade pela nossa felicidade não é do outro.
Por outro lado também vemos relações que maltratam, causam sofrimento, humilhaçõese são agressivas verbalmente e fisicamente e ressalto sim, que isso causa sofrimento e infelicidade. Aquele que maltrata tem responsabilidade nessa situação de dor e ainda assim, ninguém pode nos fazer infelizes. Afinal, ainda que movidos por processos inconscientes, na maioria das vezes, escolhemos essas relações que nos fazem mal. Isso é um aspecto importante a ser colocado, que afinal de contas, somos nós que escolhemos nos relacionar com pessoas que nos fazem mal. Nesse caso, saber que o poder da nossa infelicidade não esta atrelada ao outro, talvez, seja a boa notícia.

Nós somos os nossos abismos e nossas cordas de salvação 

Nietzsche nos fala que o homem é um abismo e também uma corda. Um abismo de perigosa travessia, e ao mesmo tempo, também somos a corda para atravassar esse abismo. Ou seja, apesar de muitas vezes entrarmos em relacionamentos que despertam situações desagradáveis e esse despertar é justamente porquê esse “abismo” no qual vivemos está dentro de nós, também podemos ser a corda para atravessar esse abismo.
Na maioria dos casos, situações na qual a pessoa se sujeita a humilações, tristezas e dor nos relacionamentos amorosos nos mostram a nossa própria questão, aquele lugar de dor para qual é necessário olhar. Faz-se necessário desenvolver uma consciência maior sobre nós mesmos, olhar para nossas feridas, tratar nossas questões, mergulhar nesse “abismo”enfrentando o que há dentro de nós, para que possamos buscar a“cura”e ressignificar nossas dores e assim ser capazes de perceber as relações tóxicas que nos fazem mal e evitar as mesmas.
Precisamos entender também que o relacionamento é uma das maneiras de sentirmos alegrias e felicidade, mas não é a única. O estado interno que nos causam prazer, alegrias e sentimentos de pertença não precisam, necessariamente, vim de um relacionamento amoroso de casais. Relações familiares, amigos, comunidades e atividades que nos causam prazer também são fontes de alegria e felicidade.
Assim, fiquem com a boa e má notícia de que ninguém pode nos fazer felizes! Se você sente infelicidade na maior parte do tempo, ou esta em uma relação que lhe faz mal, que tal buscar uma corda para atravessar o abismo? A terapia pode lhe ajudar nesse sentido.


Fernanda Machado Barata da Cunha

Psicóloga

CRP:03/3744
 


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